Abandonado pela luz
Balançando debaixo do véu
Além da dúvida de remissão
Contorcido na seda

Sussurrando palavras doces
Sob um torpor, mente consumida
Me puxando, seu zumbido contagiante
Dormindo ao pé de sua tumba

A poeira cobre uma moldura quebrada
Dentro de nossa casa, eu não toquei em nada
Focado nos cantos onde as luzes agora diminuem
Observando sombras flutuando em asas quebradas

Sereias me puxam até você
Ecoando nos meus ouvidos
Meses se passaram mas o inverno continua
Frio, abraçado pelo medo

O veneno desce pela minha garganta como gasolina
Plantas se afundam em meu sangue como raízes
Põem fogo à minha memória
Queima tudo

Deixado desamparado
Eu apodreço

Figuras dançando na névoa

Vendo duplas, eu me concentro
Sinto o abraço caloroso da pele
Língua torcida, sinto você em minha garganta
Há agonia na cama, contido pelo seu fantasma

Preso pelo pensamento de devoção
Solidificado pelo toque da morte
Na aurora, eu ouço você cantando
Tudo isso poderia estar na minha cabeça?

Sussurrando palavras doces
Sob um assombro, mente consumida
Me puxando, seu zumbido contagiante
Acordado ao pé de sua tumba

Agora tudo que sobrou
É remover o peso da terra
Agora tudo que sobrou
É remover a sujeira que segura seu fantasma

Eu estou com você agora